sábado, 30 de outubro de 2010

Que lugar tem as meninas feias governo Serra?

Serra pede para que "meninas bonitas" peçam votos para seus pretendentes: Clique Aqui
Será que a grande mídia e as pessoas de bom senso não vão considerar essa atitude machista?
Eu queria saber o que são, para Serra, "meninas bonitas"? E por que ele acha que cada uma delas tem "lista de pretendentes"?
Mulheres que não se enquadram no que Serra chama de "meninas bonitas" deveriam se perguntar sobre a pertinência ou não de votar nele?
Que lugar têm as "meninas feias" (sim, se há as bonitas, há as feias) no imaginário - e, por extensão, num possível governo - de Serra?
Certamente as "feias" têm, no imaginário de Serra, o lugar subalterno que ocupam nesta sociedade machista, consumista e hierárquica.
Um candidato a presidente falar uma bobagem detas é sinal de um desespero sem precedentes!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quase acabando a chatice eleitoral

Aguentar essa lengalenga é ainda pior do que aguentar essa gente metendo a mão no nosso bolso depois de eleitos. Pelo menos, depois de eleitos, nós não ficamos ouvindo os moços e moças falando o tempo todo e não temos que olhar para a foto deles a toda hora nos muros e posters pela cidade. Hoje vou sair pela cidade com uma caneta na mão para pintar bigodes em todas fotos que for encontrando pelo caminho.
Uma coisa que eu ainda não consigo entender é como escuto quase todos os dias as pessoas reclamando pelas ruas que os políticos são corruptos e que estão sempre levando nosso dinheiro e ao mesmo tempo os candidatos mais bem cotados nas pesquisas são justamente esses acusados dessas safadezas. Alguma coisa não combina entre o que escuto pelas ruas, o resultado das eleições e as acusações de corrupção.  Parece que ou o povo reclama sem razão, ou as acusações são falsas, ou pior de tudo: ninguém sabe votar.
A palhaçada das eleições tem prazo para acabar felizmente.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Jogo Estranho




Este foi um segundo turno estranho. Digo "foi" porque há a sensação de que, além de estranho, já acabou. Por exaustão. Por carência de ideias. Por excesso de chatice. Pelas falsas polêmicas...
Acabou, antes de mais nada, porque Dilma Rousseff deve ser eleita no domingo, a não ser que José Serra produza em cinco dias o milagre que não foi capaz de fazer desde que se lançou, em abril.
Tem-se, hoje, a impressão de que o tucano não encontrou o tom da campanha e esgotou suas armas. Quais foram elas? Um capacete na cabeça e um crucifixo na mão.
A insistência no tema do aborto, com o trololó religioso que durou semanas, e a valorização estridente da agressão de que foi vítima no Rio são sintomas de um candidato sem foco, desesperadamente em busca de algo em que se agarrar.
Só isso explica, também, o acesso populista do tucano austero, que promete elevar o salário mínimo a R$ 600, aumentar em 10% o valor da aposentadoria e pagar 13º para os beneficiários do Bolsa Família. Serra quis parecer o Lula do Lula.
Mobilizando a agenda conservadora ou mimetizando a pauta petista, o tucano apostou sempre e tão somente em si mesmo, na sua capacidade de fazer, mandar, decidir.
Pode soar estranho, porque se trata de um personagem doente de tão racional, mas Serra é um candidato com forte traço messiânico.
Mas o que ou quem ele quer salvar? Os pobres? A democracia? Os valores da família? A nossa fé? Apesar de ser mais aparelhado do que sua adversária, o tucano se desvirtuou no processo eleitoral, sem, no entanto, conseguir romper o encanto do lulismo nem propor uma discussão séria do país, que fosse além da sua obsessão pessoal.
Parece mais fácil (é essa a inclinação da maioria) atribuir a provável derrota tucana aos "erros" do candidato, e não às dificuldades objetivas de enfrentar a escolhida de Lula na conjuntura atual.
(Texto de Fernando de Barros)

domingo, 24 de outubro de 2010

Comer rezar amar


Mais uma dessas histórias com a conhecida fórmula: uma mulher que se separa de um casamento infeliz, procura outro homem e no final encontra o grande amor da vida dela. Afinal todas as mulheres estão realmente desesperadas por encontrar alguém ou é só no cinema americano?
Talvez todo mundo esteja um pouco nessa procura a vida toda. Os homens de um jeito e as mulheres de outro, por isso que é meio difícil de dar certo.
E o mais estranho é perceber que sempre existe um personagem a procura de algo, esse algo inevitavelmente acaba na cama. Mas não tem mais nada na vida além dessa procura por amor? Mesmo para a protagonista que quer conhecer o mundo, não quer ter família e no final de tudo vem a moral da família, amor hétero e reprodução.
Mas apesar dessa fórmula muito conhecida o filme é bem bacana. Tem um fotografia linda, principalmente dos pratos italianos e das paisagens asiáticas. A apresentação da comida italiana é sensacional, dá vontade de sair do cinema, ir a uma cantina comer uma macarronada e beber vinho. E nem precisa dizer que os atores eram lindos. Se é uma coisa que o cinema americano sabe fazer é convencer a gente de que só é possível amar quem é mesmo muito bonito, os outros têm casamentos aceitáveis.
O toque brasileiro no filme deu uma temperada engraçada no final da história e o ator, Javier Bardem, parece mesmo brasileiro, só o sotaque que não deu muito certo, mas convenceu bem pela pesquisa dos costumes brasileiros.
Se você for assistir, só lembre que é muito chato ficar lendo seus torpedos no seu celular bem ao lado de alguém que não quer aquela luzinha nos olhos, como fez a menina que sentou ao meu lado.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O inferno são os outros.

POR JEAN WYLLYS A coluna da semana passada – intitulada “O inferno pode ser aqui” – causou polêmica entre meus leitores. Digo isto a partir dos emails pró (a maioria deles) e contra que recebi ao longo da semana. O senso comum de que política, futebol e religião são assuntos que não devem ser discutidos porque levam fatalmente a controvérsias e polêmicas quando não a violências verbais e físicas, este senso comum é o mais contrariado, pois o que mais discutimos é justamente futebol, religião e política. E eu, de minha parte, gosto de discutir estes assuntos. Por isso é que, entre os emails contra a coluna da semana passada que recebi, selecionei, para responder, aquele mais emblemático porque sintetiza, num texto razoavelmente escrito dentro das normas da língua, os argumentos de todos os outros e porque foi escrito por um professor dos ensinos fundamental e médio que eu chamarei de M para preservar sua identidade. Em seu email, M diz: “Quando vocês LGBT tentam nos rotular de fundamentalista é porque vocês ignoram que para nós a Bíblia não é um mito, para nós as escrituras é a palavra de Deus. Não digo isto para te afrontar, mas é assim que é e sempre será. (…) por isso somos contra o aborto, adoção de crianças por homossexuais e casamento homossexual, afinal nenhum ser humano veio de uma relação de pessoas do mesmo sexo, e isso não é questão de religião, é a natureza estruturada perfeitamente em seu lugar”. M não pára por aí e vai além em seus “argumentos”: “temos também esse direito [de expressão] e faremos uso dele para dizer à igreja cristã, não votem em quem defende causas antibíblica. (…). Acredito que se houvesse um plebicito [sic], e espero que tenha, a nação brasileira diria não! a essas serie [de] questões que estamos pautando. (…).Vamos confronta [sic] tudo que é forjado e deturpado na desigualdade ou privilégios de uns para com os outros, e para isso dizemos hoje para igreja evangélica no Brasil, Não votem em candidatos que defendem causas do LGBT”. Bom, eis minha resposta para M: Não pode haver diálogo entre nós porque eu falo como um homem de ciência e não como um religioso. Não me pauto em dogmas nem em mitos tomados como verdades absolutas (mitos são mitos e apenas isto; e quem os toma como verdades absolutas são fundamentalistas, sim, pois, estão tomando os fundamentos da religião – e toda e qualquer religião é fundamentada em mitos – como verdades incontestáveis; há fundamentalistas cristãos evangélicos e católicos, mulçumanos, judeus e até mesmo nas religiões de matriz africana), pauto-me pelo conhecimento produzido pela humanidade que nos legou, entre tantas coisas, a roupa que você veste; a técnica de produção do papel com o qual é fabricado a bíblia que você lê (ou você acha que ela caiu do céu?) sem falar da própria técnica de impressão; o computador a partir do qual você me mandou seu email; e as técnicas de reprodução humana que libertaram o sexo de sua função reprodutiva, permitindo que uma mulher ou um homem estéril possa ter filhos fora das “leis” da natureza (será que cada vez que você faz sexo é para ter um filho ou você admite que faz sexo também porque gosta de gozar e porque gozar é prazeroso e nos faz pessoas saudáveis?). Ou seja, seu argumento não passa de uma falácia ou de fruto de uma ignorância expressa. Se você quiser levá-lo adiante com honestidade; se quiser que eu o leve em conta e lhe considere uma pessoa honesta consigo e com os outros, sugiro que abra mão de tudo que é conquista cultural e vá viver como um animal de acordo com as “leis” da natureza; só assim, você estará sendo honesto em usar o argumento de que “nenhum ser humano nasceu da relação entre dois homens ou duas mulheres”. Do contrário, admita sua enorme ignorância – eu temo pelo destino da mentalidade de seus alunos – e sua homofobia expressas. Ou admita sua má fé e a intenção de manipular politicamente o conteúdo bíblico, que, volto a dizer, não traz qualquer referência à homossexualidade e deve ser interpretado, pois, se o tomássemos ao pé da letra, deveríamos praticar, em pleno século 21, algo abominável e desumano como a escravidão de pessoas, pois, é o que recomendam trechos dos livros Levítico (25, 44-46) e Êxodo (21, 7-11) e das cartas de Paulo aos Efésios (6, 5-7) e a Timóteo (I, 6, 1-4). Tenho amigos cristãos evangélicos que são inteligentes e compreendem que a religiosidade deve dar um sentido às grandes questões da existência, jamais ser manipulada para amedrontar pobres ignorantes e, assim, arrancar, deles, seu pouco dinheiro. Aliás, por falar em dinheiro, não nos esqueçamos de que Jesus – grande sábio que, se vivo estivesse, morreria de vergonha da hipocrisia dos que falam em seu nome hoje em dia – açoitou os vendilhões do templo! O que não falta hoje em dia são templos com seus vendilhões, que, embora sirvam principalmente ao deus-dinheiro, acreditam que o inferno são os outros.

O Inferno Pode Ser Aqui

POR JEAN WYLLYS Há dois dias, eu participei de um debate no Colégio Dom Pedro II (Rio de Janeiro) com um pastor evangélico neopentecostal candidato a deputado federal. Em pauta, a importância da educação sexual leiga, livre de paixões religiosas, em escolas públicas de ensinos fundamental e médio. As falas do tal pastor – todas contrárias a qualquer programa de educação sexual leiga em escolas públicas e especialmente intolerantes em relação à homossexualidade – bem como a acrítica recepção das mesmas pelos alunos evangélicos presentes (que, embora fossem minoria, faziam-se notar pelo fervor com que recebiam as palavras do pastor) me levaram à seguinte conclusão: eis uma situação paradoxal: por um lado, a comunidade dos crentes cresce na mesma proporção em que se afasta ou se esquece da política (para só se “lembrar” dela na hora do voto), ou seja, é cada vez maior o número de pessoas que trocam o interesse e/ou a luta por justiça e felicidade aqui na cidade dos homens pela crença e interesse apenas na justiça divina e numa vida boa na cidade de Deus, no “paraíso” depois do “juízo final”; por outro lado (e eis o paradoxo!), crescem as bancadas de políticos cristãos evangélicos nas câmaras de vereadores, assembléias legislativas e no Congresso Nacional: o rebanho de crentes deve se esquecer da política (e só se “lembrar” dela de eleição em eleição) para que seus pastores consigam colonizar o Poder Legislativo e, assim, atuem contra os princípios democráticos e as liberdades constitucionais e em favor da aplicação de preceitos cristão numa sociedade tão diversa étnica e religiosamente quanto a nossa. Lembrem-se, por exemplo, dos esforços dos evangélicos Rosinha Matheus e Garotinho em liquidar os princípios republicanos e o laicismo que, até eles se tornarem governadores do Rio de Janeiro, norteavam a educação pública fluminense, impondo, à grade escolar, o ensino do “criacionismo”, cujo objetivo é descartar a tese da evolução das espécies de Darwin, consenso na comunidade científica, em nome do mito judaico-cristão de que Deus criou a terra e todo o resto há pouco mais de seis mil anos. Durante o debate com o pastor evangélico e candidato a deputado federal a que me referi, o mesmo fez tabua rasa de todo conhecimento que a ciência moderna vem nos legando ao longo de sua existência para reafirmar, como verdades absolutas, os mitos bíblicos, que, à luz da razão ou até mesmo da sensatez de cristão instruído, não devem jamais ser tomados ao pé da letra, apenas interpretados, já que não passam de figuras literárias que encerram alguma “filosofia de vida” em suas entrelinhas. A conclusão a que cheguei não é estapafúrdia. Para reconhecer que estou certo, basta recuperar os resultados das últimas eleições: foram os candidatos extremistas religiosos, fundamentalistas, populistas e quase sempre ligados às igrejas neopentecostais que se multiplicam em “franquias” pelas periferias e áreas pobres das cidades, como se fossem McDonald’s, que conseguiram se eleger, derrotando candidatos honestos comprometidos com valores humanistas e envolvidos com os movimentos negro, feminista, LGBT e ambiental. O compromisso de não contemplar nenhuma reivindicação dos movimentos feministas e LGBT, firmado pelos candidatos à presidência José Serra, Marina Silva e Dilma Rousseff com líderes evangélicos brasileiros em troca de seus apoios, é outra prova de que minha conclusão é acertada. Se as bancadas de evangélicos fundamentalistas crescerem após as eleições de outubro próximo, temo pelo destino de nossa jovem democracia. Não se trata de antipatia em relação a crentes (eu tenho bons amigos evangélicos!) nem de negar, à comunidade dos crentes, o direito à representação. Se os representantes evangélicos reconhecessem que um Estado Democrático de Direitos deve estar livre de quaisquer paixões religiosas e atuassem em defesa das liberdades constitucionais e dos direitos humanos, reservando, para a esfera privada, as questões de fé e crença religiosa (uns poucos até agem dessa forma, é preciso que se reconheça isto!) , o crescimento das bancadas evangélicas não seriam um problema para a democracia e para suas minorias; estaríamos num “paraíso”. Porém, a história vem mostrando que não é assim que eles, os representantes da comunidade de crentes, agem politicamente. Logo, só podemos esperar, deles, uma condenação dos “infiéis” a um “inferno” em terra.