segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Uma afronta à minha infância

Macacos me mordam, diria Robin. Santa promessa é o que faço agora. De mim para mim. Se Liga da Justiça, da banda LevaNóiz, for eleita a música do Carnaval de Salvador em 2011, peço licença e nunca mais tiro os pés do chão em solo soteropolitano. Será a última vez que passo o período de Momo por aqui. Pego uma bat-folga e vou de avião invisível para uma praia em outra galáxia.
Preconceito contra o pagode? Longe disso. Acho até que o ritmo até andou evoluindo. Não sou crítico musical, mas os caras melhoraram a percussão, ganharam superpoderes e estão cada vez melhores. É por isso mesmo que meus dois ouvidos precisariam ser biônicos para suportar o super-heróico hit do verão martelando toda hora na cabeça.
O pior não é nem a repetição. Liga da Justiça é, antes de tudo, uma afronta à minha infância.  Em primeiro lugar, Superman nunca fica fraco. No máximo, perde os poderes momentaneamente. E desde quando Pinguim mexe com kriptonita? Isso é coisa do cerebral Lex Luttor, que, aliás, faria música muito melhor se lhe fosse encomendada. Pelo menos o gênio do mal seria incapaz de ferir a gramática.

Ouçam o erro de concordância na versão original. Luttor e Coringa “roubou”, em vez de “roubaram” o laço da Mulher Maravilha. Licença poética qual nada. A música é ruim mesmo. Do início ao fim. A letra não se encaixa na melodia. Pela métrica mal feita, parece até coisa de Bizarro, o Superman às avessas com a cara quadrada. Mesmo sendo da Legião do Mal, o Charada bem que poderia dar uma forcinha para os compositores. Criatividade zero.
E tem mais. Mulher Maravilha jamais fugiria com Superman. Na liga da justiça, todo mundo sabe que ela sempre deu mole para o Batman. Enfim, a música do LevaNoiz é um retrocesso para o pagode, que tinha melhorado até nas letras. Firme e Forte, do Psi, e Selo de Qualidade, do Harmonia, são exemplos disso. Perto delas, a música dos super-heróis é de dar dó.

Se ganhar como música do Carnaval, vai haver um retorno às composições de sentido único, que em alguns casos está escondido num duplo sentido pessimamente elaborado. Não sei o que eles estão tramando. Na dúvida, melhor chamar os outros super- amigos.
E esse não é só um trabalho para Xande ou Márcio Victor. A sala de justiça da música baiana tem várias outras opções. Então, que história é essa de que agora só tem uma saída? Brown? Margareth? Daniela? Ivete? Scooby-Doo? Onde estão vocês, meus filhos?



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