terça-feira, 14 de setembro de 2010

NÃO SE APAIXONE

Se eu pudesse dar aos meus leitores apenas um conselho, diria: não se apaixonem.
Foi comprovado pela ciência que pessoas apaixonadas ignoram qualquer pesquisa científica. Ignoram também as leis da física e da lógica - talvez daí venha aquela sensação de estar voando entre núvens.
A paixão é cega e não é a toa. Ela não escolhe pessoas pela aparência, pela idade, pelo biotipo. E por mais que digam que o nariz dela é grande, ou que ela é meio vesga, você não liga. A cegueira é contagiante. E pega.
Não tente adivinhar quando irá se apaixonar, porque é totalmente imprevisível e intenso. Quase como se estivesse em meio a um abalo sísmico de nove graus na escala Richter. A diferença é que só existe uma vítima: VOCÊ.
A paixão faz com que as palavras que tanto queremos dizer tranquem no céu da boca, oscilando entre sairem de uma vez ou serem engolidas para evitar uma bobagem que estrague tudo.
A mesma paixão que faz o corpo paralizar de medo é aquela que faz você se mexer incontrolavelmente em busca de um abraço apertado.
Estar apaixonado é como andar numa linha tênue que separa o êxtase da dor, com aquele ventinho sacana assoprando sempre para o lado deste último.
E quando dói, dói. A dor da paixão é igual a dar uma topada forte com o mindinho. Uma lágrima escorre no canto do olho enquanto dá vontade de gritar os mais inomináveis palavrões para todo mundo. Como cada um sabe a dor que sente, a tendência é mandar para um lugar não muito agradável qualquer um que chegar e dizer que uma hora a dor vai embora.
O pior é que vai embora. Fica apenas aquela sensação de vazio.
Pois, por mais que a paixão provoque tantas reações adversas, é ela que desperta a sensação magnífica de se estar vivo.
Quando menos esperar, estará apaixonado de novo. E ignorando o meu conselho.
Sabiamente.

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