domingo, 29 de agosto de 2010

Avesso

Nós já temos encontro marcado eu só não sei quando se daqui a dois dias se daqui a mil anos.
Com dois canos pra mim apontados, ousaria te olhar, ousaria te ver num insuspeitável bar, pra decência não nos ver perigoso é te amar, doloroso querer. Somos homens pra saber o que é melhor pra nós. 
O desejo a nos punir, só porque somos iguais, a Idade Média é aqui, mesmo que me arranquem o sexo, minha honra, meu prazer, e amar eu ousaria. E você, o que fará se esse orgulho nos perder?
No clarão do luar, espero cá nos braços do mar me entrego, quanto tempo levar, quero saber se você
é tão forte que nem lá no fundo irá desejar, no clarão do luar, espero cá nos braços do mar me entrego
Quanto tempo levar, quero saber se você é tão forte que nem lá no fundo irá desejar o que eu sinto, meu Deus, é tão forte! Até pode matar o teu pai já me jurou de morte por eu te desviar se os boatos criarem raízes ousarias me olhar, ousarias me ver. Dois meninos num vagão e o mistério do prazer perigoso é me amar, obscuro querer somos grandes para entender, mas pequenos para opinar.
Se eles vão nos receber é mais fácil condenar ou noivados pra fingir mesmo que chegue o momento que eu não esteja mais aqui e meus ossos virem adubo Você pode me encontrar no avesso de uma dor.
                                                                                                                         Jorge Vercilo

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