quarta-feira, 2 de setembro de 2009

- Cybercomodismo -

A internet é a ferramenta do século. Isso ninguém pode negar. Hoje, tudo é feito digitalmente, tudo on line. Um "bug" em qualquer site de relacionamento é motivo pra pânico e desespero. A gente se tornou tão dependente da grande rede que não nos imaginamos um só dia sem enviar um e-mail, fazer um download ou mandar um scrap. Essas atividades viraram rotina, um hábito como escovar os dentes após as refeições.

É inegável também que a internet aproxima as pessoas. Eu mesmo tenho muitos amigos que conheci através dessa tela e hoje são peças fundamentais e importantes na minha vida. A rede encurta distâncias.

Mas será que encurta mesmo? Depende do ponto de vista. Eu acredito que a internet nos deixou acomodados demais. Hoje nós deixamos de pegar um telefone e ouvir a voz de alguém, pra teclar por horas a fio em comunicadores instantâneos. Não marcamos mais encontros em shoppings e praças, mas chats no MSN. Acho que a gente ficou mais "distante" depois da popularização desses serviços. A gente se fala mais, mas com menos calor, menos contato. Menos pele, eu diria. Namoros não começam mais em festas, clubes e bairros. Começam e terminam no orkut, no twitter, no facebook. É raro hoje em dia alguém que se dar ao trabalho de pegar papel, caneta e escrever uma carta de próprio punho pra um amigo, namorado, enfim... Hoje a gente envia e-mails com vários erros de português, apesar de todos os corretores ortográficos disponíveis.

Outro péssimo hábito que desenvolvemos com as facilidades cibernéticas é o da preguiça. Lembro que quando eu estava começando a estudar inglês, o acesso à internet era bem restrito. A gente ainda usava conexão discada e só nos fins de semana, por ser mais barato. Além disso, os sites de letras de músicas eram bem limitados. Com isso, eu pegava a letra original das canções que eu ouvia e ia traduzindo verso por verso com um dicionário inglês-português impresso. - Sim, na época a Google ainda neeem pensava em inventar um tradutor on line. - E eu acredito que essa curiosidade de pesquisar as palavras desconhecidas e tentar dar sentido às frases me ajudou bastante no descobrimento desse, até então, novo idioma. Hoje quando bate curiosidade por alguma tradução, bastam dois ou três cliques, que aparecem várias na sua tela. É a comodidade que nos deixa preguiçosos.

Pesquisa de escola mesmo... Quem não lembra da Barsa? Quantas pesquisas eu já fiz ali, gente? Passava página por página até encontrar o que eu queria e depois fazia um resumo à lápis no caderno. E garanto a vocês uma coisa: aprendi muito mais que os estudantes de hoje, que só fazem pesquisar, achar o trabalho pronto e dar "ctrl+c", "ctrl+v" no Word, muitas vezes sem ao menos ler do que se trata. Talvez isso explique esse monte de adolescentes burros, que escreve mal, sem argumentos e sem curiosidade e interesse em aprender nada.

Eu sou completamente viciado em internet. Não passo um dia sem dar uma navegada e trocar alguns bytes, mas confesso: a internet é a grande ferramenta e o grande mal do século. Queria que meus filhos pudessem um dia usar um dicionário de papel...


Felipe Linhares

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