terça-feira, 27 de abril de 2010

Jô entrevista uma atriz de cara limpa...

Graziella Moretto dá entrevista a Jô Soares e exibe foto de seu rosto: com mancha e sem maquiagem, atriz mostra ser uma mulher de coragem. E com a auto-estima em dia...

A gente tá cansado de ver por aí que o mundo das estrelas da TV é movido por uma busca danada pela perfeição estética. E tome lipo, e tome botox, e tome preenchimento, e tome plástica, e tome silicone! E tome todo mundo com a cara muito igual!
Por isso, achei muito bacana ligar a tv no Programa do Jô agorinha e ver uma entrevista com a atriz Graziella Moretto - que, sim, é uma mulher bem bonita e divertida. E falou, mais uma vez, da mancha que cobre boa parte de seu rosto. Com direito à exibição de uma foto nos telões do cenário do Jô.
Sabe o que é isso? Segurança! Auto-estima em dia! E a certeza de que cada um é e pode se sentir bonito com todas as suas pequenas-grandes imperfeições. Um desafio e tanto pra todos nós, imersos numa sociedade que valoriza tanto a beleza...
Mas bonito mesmo foi ver a Graziella dizer que sua mancha lhe faz lembrar de quem é; do personagem civil que ela é.
Muito bacana! E muito corajosa!
Sem falar que a entrevista foi engraçadíssima!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Devolva Minha Fantasia

Fui comer pizza com uns amigos, numa pizzaria próximo à ponte metálica a estação da Lapa. (Bahia).
Há muitos pedintes e vendedores ambulantes.


Alguns tentam ser gentis, outros se mostram como coitados, outros são muito inconvenientes, como os que, na hora da mordida na pizza, colocam o produto na mesa ou lhe cutucam pedindo um pedaço. Na minha opiniao não é correto dar esse tipo de ajuda, por vários motivos que depois eu digo. Apesar de tudo, cedo um sorriso, desejo boa noite e boa sorte a todos, mas não dou nada.

Outros já são bastante criativos, como um cara vestido de palhaço que chegou com um pandeiro na mão e uma voz parecida com a do Tiririca, chamando uma amiga de Vera Fischer:

- Oi gente... vocês são tão 'lindo', querem ver meus produtos?

- Não, obrigado. Respondi.

- Mas olha, é uns bichinhos que eu mesmo faço pra ajudar as criancinhas carentes... lá de casa.

Nesse momento ele tira do saco um sapinho verde e diz que ao apertar sua barriga, ele começa a cantar uma música bem bonita. Então, fui apertar a barriga do sapinho pra ouvir a música, quando de repente:
Vida... devolva minha fantasia... meu sonho de viver a vida... devolva meu aaaar...

Ao som do pandeiro com uma voz de Tiririca, o palhaço começou a cantar. ehehehe
Eu ri bastante e todos na mesa riram de mim, porque eu realmente esperava ouvir a música da barriga do sapinho.

Enquanto ele dava as considerações finais pra fechar o negócio, chegou uma senhora vendendo rosas pedindo atenção. Como o palhaço já tava lá ele disse:

- Ei velha feia, num tá vendo que eu já tou aqui não?

Ela resmungou e saiu, enquanto o palhaço dizia:

- Só porque é artista de cinema pensa que pode invadir o espaço dos outros...

- Como assim, artista de cinema? Perguntei.

- Aquele filme, a Noiva de Chuck? Era ela...

ehhehehe. Eu também ri.

No final nem comprei o sapinho mas fiquei muito feliz com a simpatia daquele palhaço. Nada me revigora mais que o bom humor das pessoas. Ele saiu dizendo:

- Tá bom, nem comprou né... mas tá certo, eu não brigo não viu?

Boa noite e muita, mas muita sorte pra ele.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Uma questão de fé


Para desviar o foco das atenções, a Igreja Católica Apostólica Romana tenta utilizar uma estratégia política ultrapassada: afastar os holofotes de uma polêmica gerando uma nova polêmica. Talvez ela acreditasse que continuar rezando pelo catecismo propagandístico de Hitler (1989-1945) seria a melhor forma de sair da fossa na qual se meteu até o pescoço.
Hitler considerava que a propaganda devia ser popular, dirigida às massas, desenvolvida de modo a levar em conta o nível de compreensão dos mais baixos. "As grandes massas", dizia ele, "têm uma capacidade de recepção muito limitada, uma inteligência modesta, uma memória fraca".
Mas a Igreja Católica não aprendeu muito bem a lição. Pois Hitler, em conluio com Paul Joseph Goebbels (1897-1945), também disse que “a propaganda jamais apela à razão, mas sempre à emoção e ao instinto”.
Para justificar a enxurrada de acusações de pedofilia e tortura contra padres e bispos em todas as partes do mundo, baseada em pesquisas científicas desconhecidas pela própria comunidade científica, a Igreja tentou desviar o foco das atenções jogando nas costas largas dos homossexuais a culpa pelas monstruosidades cometidas por seus representantes, inclusive pelo Papa Bento XVI, que, mesmo não cometendo os crimes, acobertou. Para mim, dá mesma.
Coisa insana – Fico pensando cá com meus botões: “De onde será que tiraram essa ideia de que os casos de pedofilia são culpa da homossexualidade? Coisa mais insana!” Em disputa com os escândalos católicos estão os escândalos da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Por meio de um vídeoentregue por um ex-voluntário da Igreja, ficamos sabendo como o staff de Edir Macedo se preparou para enfrentar a crise econômica de 2008.
Em sistema de videoconferência, aparece Romualdo Panceiro, propenso sucessor de Edir Macedo, ensinando outros pastores a arrancar grana dos fiéis usando trechos da bíblia. Além disso, Romualdo também diz que para diminuir a quantidade de assaltos aos carros forte, responsáveis pela logística dos dízimos, é preciso fazer acordo com os bandidos, como já fizeram em outros Estados brasileiros.
Diante da situação escandalosa das duas maiores potencias religiosas brasileiras, os velhos fantasmas relacionados à fé voltam a me atormentar. Penso a fé em dois aspectos: na conduta humana e na religiosa. Dois elementos que, embora distintos, estão intimamente ligados, no meu entender. E, para entender essa questão, escrevi um romance amargo e dolorido: O Ventre de Oxum.
Fé e razão – Foi preciso sangrar 256 páginas, distribuir cusparadas em Deus, nos homens e nos Orixás para compreender: onde começa o pensamento racional termina a fé e onde começa a fé termina o pensamento racional. Além disso, também compreendi que todos precisam da fé, mesmo que ela tenha como objeto de adoração a sua própria conduta moral e ética, transformando a si próprio numa espécie de deus, como é o caso dos ateus.
Meu romance é um registro do estado emocional e da cosmovisão presente naquela fase da minha vida. De lá pra cá, algumas coisas se modificaram, outras estão na mesma. Hoje, acredito mais no ser humano e fiz, verdadeiramente, as pazes com a minha fé. No entanto, periodicamente, faço um balanço geral da relação que mantenho com o Sagrado. Preciso ter certeza de que a conduta dos lideres religiosos não contaminaram o intercambio puro entre mim e aquilo que creio.
Não cabe a ninguém meter o bedelho na escolha religiosa de qualquer pessoa. Mas, talvez, uma saída para os fiéis dessas religiões em crise seja exatamente fazer um balanço de suas relações diretas com Deus. Dessa forma, cada indivíduo manterá a pureza da fé e a consistência do mistério, além de conseguir analisar com clareza qual melhor rumo a se seguir dentro da instituição a qual pertence. Afinal, o que está em xeque não é Deus, mas sim as Igrejas.